2.2 anos

eu não sei você, mas tô me sentindo com 22 anos. e não sei por onde começar a refletir sobre o ano 21 de minha vida.

bom... passei metade dele em casa na pandemia, e a outra continuei em casa por não ter criado muita segurança (mas saí para tomar minhas três doses de vacina, ao menos tive essa coragem). ao mesmo tempo em que tava um pouco insegura, estava muito em dúvida sobre quem eu era de verdade e se estava fazendo algo certo na minha vida. já tive uma ou outra dúvida sobre quem eu era antes, mas essa ânsia por autoconhecimento veio mais forte esse ano. provavelmente, eu tive crise dos vinte, mas não bem se foi isso que me aconteceu.

sempre quando se fala de vida adulta e 18 anos, falam muito sobre como vai ser interessante dirigir, ter uma casa própria, entrar na faculdade para ter uma carreira de sucesso... mas ninguém pensa que, aos 18, a pessoa pode estar no delay da adolescência e sem saber o que fazer e por onde começar. eu sou a garota que passou o ano pós-ensino médio estudando para ENEM, ainda mal depois de tanta pressão e cobrança que minha escola fazia para entrar na faculdade cedo. eu também sou a garota que desistiu da primeira faculdade por não se ver no conteúdo, ficou um bom semestre sem fazer nada (começo dos 21 anos), e teve que deixar o curso de lado para fazer uma outra graduação em EAD no começo desse ano.

e ainda assim, continuava perdida.

me questionei se está sendo uma boa ideia estar na faculdade, ainda mais nessa modalidade, quando tô cansada de aulas a distância. quando tô cansada de só viver de teoria e querendo fazer e praticar algo. estando focada em naquela graduação e esquecendo (sem querer) o meu projeto, para me acostumar com a rotina, tá me fazendo ver que isso não me alegra. eu queria estar criando coisas legais, arte que pode não ser tocável, mas que toca uma pessoa distante. mesmo que tenha tido frustração com o Instagram, ainda tenho esse desejo muito forte. percebo que quero mais do que venho recebendo.

eu quero mais do que recebo em muita coisa. até das redes sociais. e notei isso quando estava no Insta, e me frustrando com cada mudança que a plataforma inventava. cada vez que postava algo, eu reparava que não dava o retorno que esperava. e percebi com o tempo que é melhor ter um blog, e deixar minhas produções por lá. notei que não quero ficar dependendo de um algoritmo que não me ajuda. óbvio, tenho uma gratidão enorme por cada pessoa que se dispôs a ler o que tinha a dizer desde que comecei. cada uma do seu jeito. mas achei melhor fechar essa porta e abrir outra.

eu praticamente vivi abrindo e fechando portas internamente no ano passado. estive aprendendo muito sobre minha própria pessoa. estou vendo que não sou mais uma menina. eu não sou mais criança. e ao mesmo tempo, estou sentindo falta de mim como criança. estive percebendo que me anulei muito ao longo da vida só para cumprir uma expectativa de sucesso e glória. só para seguir passos  pré-determinados, para agradar e mostrar que era capaz. e para esconder o que interpretava como falha. e é algo que, vez ou outra, faço de forma inconsciente. estive a agradar demais quem não fazia questão de me entender. também sinto que há algo em mim que nunca percebi, que deixei passar. que minha família e boa parte das pessoas ao meu redor deixaram passar, na verdade. mas preciso ir muito a fundo nisso.

em resumo, estive perdida e tentando me encontrar em muitos momentos. estive aprendendo demais, e sentindo que não sei de nada. e continuo perdida. enquanto eu não me acho, tento o meu melhor para me deixar bem comigo mesma. estou a me esforçar para realizar meus sonhos (dessa vez, meus mesmo), fazer o que realmente me faz feliz, e me olhar com mais calma e compaixão. espero que eu continue assim ao longo dos meus 22 anos.

💜 X'nO, Lilac P