atipicidade tão típica

já faz um bom tempo que decidi me revelar como autista e neurodivergente. faz tempo que optei cortar os nós da minha vergonha e me revelar. e isso me fez um bem maior do que imaginava.

desde que passei a aprender sobre quem eu era e porque agia da forma que ajo, passei a me respeitar um pouco mais. aprendi a não tentar me forçar. não porque esforço não vale a pena. mas porque certos esforços podem me fazer mal. percebi que nos cobram uma "normalidade", um padrão de comportamento que não condiz com todo mundo. desde que passei a aprender sobre neurodiversidade, e também a me interessar em ir além do autismo e pesquisar sobre outras condições vez ou outra (como TDAH, dislexia, altas habilidades e superdotação, deficiência intelectual…), notei que existem pressões e padrões tóxicos que nem todo mundo nota. não é todo mundo que sofre por não ter uma beleza padrão. há mais gente com autoestima baixa por ser achar burra e incapaz e atrasada. e não há quem diga a, pelo menos, uma delas que devemos buscar nosso próprio padrão de crescimento pessoal, em vez de tentar imitar algo que não cabe nas suas condições.

felizmente, estive tentando buscar meu próprio padrão, mesmo tendo inspirações em alguns caminhos diferentes do meu. felizmente, estive me entendendo um pouco melhor e não me cobrando para ser como as outras pessoas. posso ainda ter minhas recaídas, posso até estar me cobrando um pouco para ter um certo crescimento rápido (todo mundo tem aquele calcanhar chatinho de Aquiles), mas estive me respeitando e sendo mais honesta comigo mesma.


eu descobri que não preciso ser como uma garota neurotípica. eu não preciso ter o mesmo planejamento que ela, ou a mesma velocidade. ainda posso ser disciplinada e focada, com meus compromissos e obrigações do dia, mas não preciso tentar fazer tudo tão certo, ou tão típico. não preciso cumprir expectativas que não me cabem, ou que não contemplam o todo do meu padrão de (neuro)desenvolvimento. nem neurotípiques alcançam tudo ou conseguem cumprir tudo que a tal neuronormatividade exige. e tudo bem. ninguém é obrigade a nada.


finalmente, chego ao ponto de dizer isso aqui: eu faço do autismo a minha coroa. eu faço de todos os meus traços os meus presentes naturais, os meus tesouros que ninguém vai me tirar. eu não vou me moldar, me mascarar, me normalizar para agradar quem nem sabe o que passo. eu não quero uma cura. eu quero manter minha core, ou alma, para ser clara. não vai ser sempre que tudo vai dar certo na minha vida (autismo ainda é um transtorno, de qualquer jeito), mas ainda há um monte de características bonitas dentro da minha atipicidade tão típica de mim. e não quero mais esconder isso, nem de minha própria pessoa.


💜 X'nO, Lilac P


fundo lilás, com o seguinte trecho em letras pretas: "finalmente, chego ao ponto de dizer isso aqui: eu faço do autismo a minha coroa." isso vem do texto "atipicidade tão típica", que está destacado em letras brancas e contido num retângulo preto. acima do trecho, está um ícone de coroa rosa com o símbolo do ativismo autista/da neurodiversidade (símbolo do infinito em arco-íris). os cantos das imagens contém detalhes de aquarelas de cores sortidas abaixo de alguns detalhes: há cantos que apresentam estrelas brilhantes em dourado e azul com algumas pérolas rosadas de companhia; há um canto com papelão marrom e uma rosa cor de creme; e o último apresenta um papel branco rasgado acompanhado de pétalas cor de rosa e as frases "stand out" (se destaque, traduzindo em português) em letras coloridas, e "fit in" (se adapte, também traduzido em português) em letras cinzas e riscado. e por fim, minha assinatura embaixo: coração roxo brilhante, X'nO, Lilac P.

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