inquieta

estive notando o quão inquieta eu sou. eu não sou boa em realmente me aquietar, ficar parada. posso ser boa em buscar ou fazer coisa inútil, mas não consigo esperar. quem olha de longe, pensam que não faço nada, mas sou a pessoa que se angustia por não saber de algo, e tento buscar a resposta ao máximo no celular. curioso que essa garota conseguiu ser a aluna "exemplar" do ensino fundamental, apesar de saber fingir bem no estudo da véspera pra só esquecer depois.

e isso se intensificou da infância pra agora. dificilmente, fiquei quieta nos últimos tempos. algo esteve a apitar em mim o tempo todo. talvez, a quietude me incomoda, e me sinto na obrigação de buscar uma resposta para silenciar o silêncio. mil questões que se passam na minha cabeça, e preciso saber se existe algo sobre isso, pra não me sentir a única que passa por isso.


deve ser algo meu. mesmo sendo hipersensível a certos estímulos, eu sinto que preciso ser estimulada de alguma forma, e não ficar muito entediada. é prazeroso em muitos momentos, mas também é estressante quando me deixo levar na compulsão. e devo confessar que é horrível pra mim. eu tento gostar da solitude real, com silêncio e auto-reflexão. mas quando estou sozinha, na primeira oportunidade, tenho que ouvir música, ler ou me entreter, para não me entediar. não me importo em ficar sem companhia. só fico preocupada com a monotonia do ambiente, pois me sinto incomodada com o silêncio. só encontro conforto nisso, agora, quando caminho fora com os estímulos das árvores e do movimento do corpo.


o pior de ser tão preocupada com o tédio é que, embora seja minha responsabilidade me acalmar, não é uma culpa totalmente minha. é praticamente ensinado. viver numa geração hiper-digital, com sites jogando da tela para sua cara uma quantidade absurda de conteúdo, tem dessas coisas. melhor, indiretamente somos ensinades a só consumir compulsivamente e não agir ou questionar, desde os tempos de escola. Einstein já falava de excesso de leitura e pouco trabalho do cérebro há um bom tempo. certeza que ele não mudaria de ideia se estivesse vivendo os dias de hoje (só que saindo dos livros e indo para os celulares e as redes sociais). e entendo bem o que ele quis dizer na pele. tanto consumo, tanta inquietude, pra pouca reflexão e silêncio.


eu estive tentando meu melhor para não ficar pesquisando demais, e tentar direcionar essa inquietude, essa energia, para alguma ação. não é algo muito fácil, quando se acostuma e se acomoda com o mau hábito do excesso, e ainda se existe a sensação de confirmar (ou remoer) o que já sabe. mas estive tentando não pegar muito pesado, e focando mais em mim.


bem provável que não vou parar de ser inquieta. mas preciso me observar melhor quanto a isso, e aproveitar mais a quietude.


💜 X'nO, Lilac P


fundo lilás, com o seguinte trecho em letras pretas: "bem provável que não vou parar de ser inquieta. mas preciso me observar melhor quanto a isso, e aproveitar mais a quietude." isso vem do texto "inquieta", que está destacado em letras brancas e contido num retângulo preto. no centro, está uma mulher de pele roxa e body brilhante, presa em corda com variados broches. nos cantos, há pintura de montanhas em preto e branco e correntes. por fim, minha assinatura está abaixo do retângulo: coração prateado brilhante, X'nO, Lilac P.

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