uma virada fora do normal

eu não sei o que dizer sobre meu 2022. eu não sei o que dizer sobre o que passei. tantas expectativas, que evoluíram para uma vontade de aprender sobre mim, e logo virou dúvidas, incertezas, questionamentos, e um vício de confirmação e análise que não vem mais me levando a lugar algum. eu usei muito desse ano pra sentir medo de mim e tentar performar uma segurança que eu não tinha, e para tentar entender porque diabos me anulava tanto enquanto descontava minhas inseguranças no celular. eu sou mais uma medrosa do que uma corajosa. um ano gasto tentando ter autoconhecimento, mas preocupada com soluções mágicas e viradas de chave que não vêm fácil. e eu fui trouxa por isso.

geralmente, sinto uma certa leveza em começo de ano. uma nova oportunidade, um prazo mais longo… dessa vez, me senti bagunçada, perdida… não foi uma sensação tão intensa quanto o do ano passado, onde não me reconhecia mais como antes. mas, ainda assim, o começo foi levemente caótico. foi tanta coisa que acontecia ao meu redor, enquanto tinha que emplacar uma máscara social… eu sou só mais uma garota que tentou ser grande, quando era uma menina insignificante. eu não era boa em me reconhecer como insignificante. e acho que nunca vou ser, pois me disfarçar e me passar por alguma identidade besta é algo que faço muito bem. a questão pra mim é o que existe por trás de todas essas máscaras. quem sou eu, de verdade? quem sou eu além do blog, da faculdade? quem sou eu e o que me fez ficar assim? por que eu sou assim? é isso tudo que me agonizou por todo o ano passado.


minha transição de ano foi uma bagunça. minha vó ficou internada. em resumo, fraqueza por alimentação insuficiente e diabetes. e, por mais incrível que pareça (e por mais egoísta que soe), me fez bem esse acontecimento. não precisava me dobrar demais, suprir ordens, segurar meu estresse por problemas que poderiam ser resolvidos faz tempo, como as questões de saúde mental dela e a (falta de) responsabilidade da minha mãe com a tal. dia desses, eu me explico melhor sobre isso e todo o arranjo do que ocorreu nos últimos tempos. só deixo a dizer, por hoje, que minha saúde mental merecia uma folga bonita das discussões entre elas, as exigências emocionais de ambas, e minha tentativa de não falhar com nenhuma das duas. ambas me sugavam energia com uma facilidade... estar um pouco longe disso cortou uma boa parte do meu estresse, que durava meses.


da mesma forma que não sei o que dizer sobre 2022, eu não sei o que esperar sobre 2023. ainda terei minhas dúvidas, minhas feridas mal curadas. há coisa que não resolvi, mas quem se importa com certas coisas que estão fora do meu controle? eu prefiro focar no que está no meu controle. prefiro tentar fazer o que me faz bem e crescer com isso, do que me tornar mais uma escrava por autossabotagem e autoanulação. a virada de chave tem que vir mais por mim mesma do que por sinais externos. eles podem soar mais como alarmes falsos do que chamados naturais de crescimento.


💜 X'nO, Lilac P


fundo lilás, com o seguinte trecho em letras pretas: "ainda terei minhas dúvidas, minhas feridas mal curadas. há coisa que não resolvi, mas quem se importa com certas coisas que estão fora do meu controle? eu prefiro focar no que está no meu controle." isso vem do texto "uma virada fora do normal", que está destacado em letras brancas e contido num retângulo preto. do meio para baixo, há variadas texturas e objetos, como broche de coração, borboleta e estrela, uma folha de palmeira e flores amarelas, tudo acima de texturas de jornal e tecidos rasgados. por fim, minha assinatura está abaixo do retângulo: coração prateado brilhante, X'nO, Lilac P.

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