advogada do diabo

cada vez mais, as pessoas me estressam. e cada vez mais, eu crio empatia até com gente que dizem pra não criar. eu tento meu melhor pra estar distante de dramas alheios, ou de conversas estúpidas de gente cada vez mais estúpida, mas não posso evitar me conectar com certos sofrimentos, mesmo distante.

odeio com todas as minhas forças pessoas que criam problema a toa e justificam por razões sérias demais para serem banalizadas. ao mesmo tempo, entendo que é uma forma de desabafar a raiva e a frustração que sente a esta hora, mesmo de uma forma errada. odeio cadelinhas de políticos que abafam os seus sentidos para os erros deles, independente do lado que estejam. mas entendo que elas ainda querem acreditar em alguém, ou que essa pessoa pode "salvar o país" de algum problema, como corrupção ou crise humanitária. além de que o Brasil foi formado à base da busca de um "herói da pátria" atrás do outro. então, não os julgo por ser uma construção social bem forte. odeio um monte de gente com privilégios óbvios, como um homem branco cishétero. mas quem sou eu pra julgar um homem branco cishétero se nem sei se existe outras coisas mais da vida dele, como lidar com uma deficiência invisível ou transtorno psicológico, ser um imigrante ou pobre, ou se tem uma religião diferente da predominância cristã-evangélica?

a gente julga tanto o livro pela capa… a gente não pensa o que existe por trás do post, do sorriso, da foto bonita. a gente ainda tenta buscar ícones perfeitos e nem percebe que isso é super difícil. até anjos, almas, pessoas que (possivelmente) foi para o paraíso tinham seus erros e pecados. mesmo tentando fazer o certo em muitas situações, temos preconceitos velados. até porque uma mulher comum dar chifre numa grande diva do pop latino não é igual um empresário poderoso (ou mesmo empresária) dar chifre num cara comum. ambos erram feio ao serem amantes, mas a antes anônima se ferra mais com hate em massa do que o rico playboy, que pode até comprar a exclusão dos perfis de ódio por puro interesse de manter a imagem.

ainda me pergunto se dá pra cometer erro. quando há quem até diz te conhecer fora da internet e expõe algo comprometedor seu. as empresas buscam até o que você curte no seu perfil pra avaliar se é bom te contratar, e eu não as culpo (o RH precisa saber se não tá contratando um neonazista ou um abusador). só que… quanto mais as pessoas microgerenciam e observam cada passo da pessoa, mais em risco de perder respeito ela fica. o problema é que essa hipervigilância está mal calibrada. posso até entender seu lado e te respeitar, mas não concordo com o modo que você se expressa perante a isso, ainda achando que é olho por olho, dente por dente.

eu me canso fácil do hate, do ódio, da compulsão de opinar bosta por likes. você não tá sendo incrível, ou sincera, ou tendo personalidade forte quando faz isso. você é só mais uma pessoinha raivosa que usa seu perfil como saco de pancada. era mais fácil se estivesse lidando melhor com isso na terapia. mas se bem que até dizem que não é legal mandar pessoas irem pra terapia por ser algo psicofóbico. então, digo que poderia estar lidando com isso com atividade física e self-cares da vida. (não observar outres fazendo isso no celular. é praticar REAL o autocuidado, além da skincare de blogueira. seus olhos devem estar doloridos de tanto fissurar na tela.)

se bem que posso estar errada sobre isso tudo que escrevi, e que fiz a mesma coisa que você faz. e ok. sou humana, e posso ser hipócrita. não há muito o que fazer. sou ruim para escolher lados, confesso. mas sou ótima em virar uma advogada do diabo se há um certo espaço pra isso.

💜 X'nO, Lilac P