dilemas da anti-heroína

estar por conta própria é bem complicado do que se imagina. meus hiperfocos estão em outros pontos agora, e não parecem me ajudar hoje. estou indo de uma ponta a outra, sem foco nenhum. já deixei uns dois trechos de rascunho, tentativas impulsivas péssimas de impressionar e de me empoderar, mas nada está claro. tudo vem sendo tão nebuloso pra mim…

estive com a cabeça em transe, ainda querendo respostas. por que diabos tudo é complicado? por que me poliram tanto? me sinto uma robô mesmo sendo humana, e isso me confunde muito. eu nunca fui educada pra me amar de fato. posso ter aprendido muito sobre gostar do meu corpo, mas aprendi a trabalhar vezes mais pra compensar as falhas cerebrais minhas, só pra não ser vista como deficiente ou incapaz. apesar de saber das dores, eu preciso continuar. eu não quero desistir. eu quero resistir.


mas como resistir?


eu tô cansada. cansei do social, das exigências. em vez de ir pra Marte, estive tentando ir pra Vênus, pois me desiludi de tudo. eu só quero minha meninice feminina de volta. ainda estou em busca de mim, de minha doçura, e querendo equilibrar isso aos atributos de tomboy que adquiri ao longo do tempo. sou uma Minerva ferida que tenta resgatar sua intensidade e idealismo infantil, e isso vem sendo muito trabalhoso.


é um porre. é horrível pra caralho sentir que nunca é o suficiente, e precisar suprir tudo ao mesmo tempo. e geralmente, quase nunca sobra algo bom pra mim. e mesmo quando sobra, ainda vou ser uma covarde que se esconde atrás de aesthetics, de crises, de telas... eu fujo da situação com muito mais facilidade do que deveria. eu me distancio até nos afetos, pensando que isso me ajuda quando me fere ainda mais por dentro.


eu realmente sou uma falha no sistema. um pane, uma humana que não se encaixa nas engrenagens sociais. sou pentágono quando devia ser quadrado. e o que eu faço com a ponta a mais que existe em mim? tem coisa que não posso abrir mão. tem coisa que não se muda de uma hora pra outra, e preciso mudar mesmo assim?


eu sinto falta do passado, da minha avó antes da demência, dos tempos despreocupados, da versão de mim que nem desenvolvi bem. e ainda preciso agir mesmo com saudade, pois o tempo não para. eu realmente não deveria ter sido deixada com meus meios antes da hora. só que não tenho outra escolha a não ser virar mais uma anti-heroína no meio, com defeitos, vícios, cicatrizes, lágrimas e frustrações.


💜 X'nO, Lilac P


fundo branco, com o seguinte trecho em letras pretas: "estive com a cabeça em transe, ainda querendo respostas. por que diabos tudo é complicado? por que me poliram tanto? me sinto uma robô mesmo sendo humana, e isso me confunde muito." isso vem do texto "dilemas da anti-heroína", que está destacado em letras brancas e contido num retângulo preto. acima, sobre uma camada de tinta escorrida, uma garota com um livro rosa por cima do rosto. há dois balões de fala dizendo: "it's me. hi! :) / i'm the problem, it's me". em cantos variados, há lantejoulas, pedraria e pérolas. por fim, minha assinatura está abaixo do retângulo: coração rosa brilhante, Lilac P.

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