etiqueta social

acho que devo ter virado uma velha ranzinza de 22 anos. espera, eu já era uma velha desde bem antes, julgando meus coleguinhas por se divertirem, quando eu me achava a certa por ficar empoeirando em casa, fingindo ser dedicada nos estudos. ser a nerd arrogante foi a melhor forma de disfarçar minhas odiadas falhas e me encaixar na caixinha exigida de boa aluna. e no fundo, era só mais uma mescla de pick me girl com projeto fracassado de girlboss.

eu nunca fui como as outras pessoas, e nunca serei, de qualquer jeito. antes, isso iria me desesperar muito. hoje, eu não ligo. e até prefiro assim. quem ainda quer ter status e agradar a sociedade, quando tudo relacionado a aceitação social é padronizado e pré-determinado por pessoas sem noção de nuances? já houve época em que o rosto harmonizado era tendência pra ficar bonite, e o povo comprou a ideia como água de coco. desde então, o que mais predominou foi uma espécie estranha de influenciadores com quase o mesmo formato de cara. nada contra plásticas e procedimentos. mas se for fazer, faça com consciência e fuja do óbvio.


estou cada vez mais cética e julgadora do outro lado. distante das tendências abundantes e rasas, e mais próxima da profundidade e essência da auto-expressão. amo estilo e roupas bonitas, mas tenho mil e uma críticas a moda, a indústria e os rumos que ela tomou nos últimos tempos (diferente de boa parte da geração Z, fui avisada da cintura baixa, e não tô afim de desonrar meu corpo e dignidade por ela). preferia continuar com a camisa de uma C&A, Riachuelo ou Shein da vida por dez anos, do que gastar rios de dinheiro com um vestido de uma marca que nunca me interessou (talvez, só com uma ou outra grife que eu goste e ache bonita). eu nunca fui criada pra gostar de marca, de aparência, de embalagem. fui criada pra gostar de conteúdo.


posso ter infinitas dúvidas sobre mim. tem horas que sinto que nem me conheço tão bem. mas sei que individualidade importa mais pra mim do que qualquer outra coisa. eu gosto de alma, de pessoa incrível, de fora da caixa. chamariam de sapiossexual, e eu acharia um insulto absurdo pelo quanto isso só funciona socialmente pra gente graduada, elitista, rica, neurotípica e/ou que compartilha da mesma visão de sempre. eu prefiro chamar de conexão profunda.


no momento, minha conexão profunda é com o não-óbvio. a fuga do padrão, do que dizem ser "bom gosto" e "legal" (quando é só mais um viral sem graça). até crio simpatia por algumas trends, exploro uma ou outra coisa do mainstream, e respeito quem prefere até usar as mesmas frases de efeito batidas de Twitter em páginas sobre música pop. mas nunca espere de mim o mesmo comportamento das outras pessoas. não espere de mim um padrão batido, a mesma etiqueta. eu prefiro meu próprio padrão de me comportar. meus gostos, meus objetivos, minha alma. minha etiqueta social.


💜 X'nO, Lilac P


fundo branco, com o seguinte trecho em letras pretas: "eu nunca fui criada pra gostar de marca, de aparência, de embalagem. fui criada pra gostar de conteúdo." isso vem do texto "etiqueta social", que está destacado em letras brancas e contido num retângulo preto. em destaque ao lado, uma mulher de pele roxa e com variadas tatuagens. usa um chapéu floppy preto com adereços de flores e borboleta, vestido justo de estampa grid, distorcida em preto e branco, e acessórios simples. a margem inferior é composta por glitter rosa e correntes. por fim, minha assinatura está abaixo do retângulo: coração prateado brilhante, Lilac P.

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