confissões da desiludida
sinto que toda a fachada, todo o esforço mal dado por uma nota, foi pra nada. meus pais não gostam quando digo que não quero faculdade. não gostaria de fracassar de novo. deve ser porque de nada adiantou ser uma das mais elogiadas da sala. só virei mais uma no ensino médio, onde todo mundo já era bom em alguma coisa, e metade queria fazer medicina, e isso me deixou desestabilizada. uma nota baixa, e não alcanço o potencial da turma bem elogiada. eu raramente tava na listinha de destaques do bimestre, que passava direto, sem recuperação periódica. é frustrante saber que não era tão inteligente quanto eu pensava.
desde essa época, eu só soube duvidar muito bem de mim e da minha capacidade. de que adianta tentar? de que adianta me arriscar passar por uma reprovação de novo, como passava naquela escola conteudista? eu não me sinto mais tão bem comigo como antes. eu não sou uma gênia como me diziam. as pessoas não acreditariam em mim. é mais fácil ficar o dia inteiro na internet do que tomar uma ação efetiva, mesmo que me deteriore por dentro. seja pela perda de tempo ou pela ansiedade que me causa, pois também não confio mais no mundo ao meu redor. nada demais. só um contentamento descontente, e o uso dessa expressão está fazendo o esqueleto de Camões se revirar no túmulo.
de que adianta querer crescer e ter sucesso? o Twitter sempre me lembra que o fim está próximo, com os tweets de notícias me alarmando sobre as mudanças climáticas, a instabilidade política e a ignorância social. está todo mundo perdido nessa merda. cada um com seus vícios, egos, dores. eu também tô com meus males doentios, e tentando encontrar alguma forma de me apaziguar com minha indulgência, me enganando como costumo fazer. ajuda? não vem me ajudando. na verdade, só piora ainda mais minha autoconfiança.
eu quero acreditar um pouco mais em mim, conhecer mais o meu ambiente, não querer perder tempo. mas também tenho medo da realidade derrubar minhas expectativas, não sobrar mais tempo, e principalmente tenho medo de mim. me sinto insignificante, inútil, desiludida. acho que fui uma criança que enganou bem demais. ou que SE enganou bem demais, pois era muito esperançosa, com uma autoconfiança que beira a egocentrismo. hoje, não adianta mais me enganar, me fazer de grande. pois todos os meus esforços pra criar máscaras foram em vão junto com minha fé.
💜 X'nO, Lilac P

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